domingo, 13 de junho de 2010

O Bálsamo.




Hoje refleti sobre como é importante manter na vida alguns pilares de sustentação. Concluí, rapidamente, o quanto é vital ter um refúgio para onde correr nas horas em que o mar da vida encontra-se tempestivo e furioso.

Assim como a ética, a honestidade, a justiça, a boa educação são valores imprescindíveis para o curso da vida digna e saudável, os pilares humanos também são indispensáveis ao equilíbrio da alma e da mente.

Como é bom ter a palavra que conforta nos momentos em que você se encontra tenso e acuado diante de seus próprios medos. Como é bom poder ouvir, delicadamente, aquela voz dizendo que você é capaz e que tudo dará certo. E como é maravilhoso ter essa voz incansável, que não se enfraquece quando os medos e inseguranças acontecem cotidianamente, e mesmo tendo que repetir sempre a mesma coisa, ela está ali, firme, doce, paciente e motivadora, agraciando seus ouvidos com toda a candura que você precisa para prosseguir feliz.

Como é bom poder correr para o abraço de quem lhe envolve com o amor de quem acolhe o filho que acordou assustado e saber que aqueles braços irão lhe proteger de todo o mundo impiedoso e cruel, fazendo daqueles segundos o seu melhor refúgio, o seu pedaço de paraíso. Como é bom receber esse abraço nos dias de frio e nas noites de insônia e dialogar entre gestos sobre a sensação de gratidão pelo calor emprestado.

Como é bom poder confiar nas mãos que irão impedir suas quedas e nas mesmas mãos que limparão a poeira caso o tropeço seja inevitável. Mãos que estarão sempre estendidas, abertas para lhe ajudar a levantar ou até mesmo lhe ensinar o próximo passo de dança. Mãos que apontam para o sucesso e lhe fazem acreditar na direção sugerida. Mãos que apertam o botão do elevador ou abrem a porta do carro. Que lhe puxam do fundo do poço de suas frustrações e lhe entregam à luz. Aquelas que enxugam suas lágrimas e lhe fazem adormecer tranquilamente com um gostoso cafuné.

Como é bom ter um sorriso sempre aberto, sincero, que te deseja bom dia mesmo depois de uma noite mal dormida ou boa noite, depois de um dia cheio de problemas. Como é bom ver o movimento desse sorriso quando você conta uma piada sem graça e ele se transforma na platéia mais atenta que aplaude o seu “talento”. O sorriso que ameniza suas preocupações, seus obstáculos, suas dores e passa a constituir motivo para suas atitudes, pois será para ele que todas elas terão razão de existir.

Como é bom contar com o olhar amigo, atencioso e brilhante, sempre brilhante que lhe devolve a esperança na vida e em si mesmo. O olhar que traduz a paz que você incansavelmente buscou, mas jamais poderia imaginar que não seria capaz de encontrá-la sozinho. O olhar que chora com você. Que partilha suas fragilidades. Que vence o sono só para olhar atentamente para seus gestos desmedidos de reclamação injustificada. O olhar idealista e sonhador que lhe aguça a fé e a vontade de viver.

Como é gratificante poder contar com ouvidos atentos e ombros disponíveis. Atentos para ouvir as mais loucas especulações sobre o futuro, as mais inquietantes duvidas sobre si mesmo e os mais altos gritos de fúria ou de dor. E ombros disponíveis para suportar o peso das vezes em que você sucumbe em choro ou tristeza, ou mesmo o usa como travesseiro de divã e (des) constrói as mais malucas teses sobre a alma humana.

A esse conjunto de maravilhas, bem mais significativas que as egípcias ou babilônicas, eu denomino de BÁLSAMO. E é esse bálsamo que nos salva das adversidades da vida, das ingratas surpresas do mar enfurecido, nos resgata das mais longínquas ilhas de isolamento, de solidão e nos concede os caminhos mais felizes e pacíficos para navegar.

Felizes os que tiveram da vida a oportunidade de salvaram-se nesses bálsamos de fraternidade, amor e solidariedade. Felizes dos que possuem o refúgio para suas angustias. Felizes os que desfrutam dessa proteção, desse amparo e podem se segurar nessas pilastras quando o chão parece escapar dos próprios pés. Eu sou Feliz!

Luz para todos...

terça-feira, 1 de junho de 2010

O Mocinho ou o Vilão.





Detesto parecer quem não sou. Detesto com a mesma palpitação parecer comigo mesmo nos momentos em que fujo da minha natureza humana pecadora.
Eis aqui o futuro repetindo o passado. Sheikspeare, em Hamlet, sugere a difícil e cruel decisão sobre ser ou não ser, em uma máxima que se tornou mundialmente conhecida e lembrada até hoje. Eu me deparo com ela sempre em que meus instintos humanos são postos em confronto com os parâmetros éticos que “mamãe” me ensinou e que eu, tremulamente, fui erguendo ao longo da vida.
Odeio ser o mesmo sempre, assim como odeio me afastar da identidade que construí ao longo de anos tão controvertidos. Quem foi que inventou o tal do padrão? Padrão de ética, de bondade, de correção, de perfeição. Coitado do funcionário-padrão que está fadado a ser o mesmo sempre. Se rebelar às vezes é libertador. Não sei por que os sentimentos negativos, na maioria das vezes, usam vestes tão charmosas, a depender do mal que os outros nos causam.
Sim, toda vilania tem um poderoso charme. A vingança, quase sempre remetida à frieza, ganha ares perfumados na arte e na ficção, a exemplo da exuberante Catherine Tramell, de Sharon Stone em Instinto Selvagem e da linda e ambiciosa Laura Prudente da Costa, de Cláudia Abreu, em Celebridade, recortes de uma era e que a maldade constitui luxo e glamour.
Calma! Não há aqui nenhuma apologia a crueldades e falcatruas, rsrs. Mas uma dúvida, no mínimo, inquietante. Por que temos que optar por um lado? Por que temos que nos posicionar num extremo ou em outro? É tão difícil ser impecavelmente bom e justo o tempo todo (nem o Direito consegue isso, rs). Mas também é ridículo ser taxado como cria da Odete Roitmman sempre que houver algum tipo de fissura nos padrões de santidade que incluem honestidade, honradez, paciência, perdão, conformação, lealdade, esperança e uma penca de outros vocábulos sonoros.
Procuro não nutrir meus sentimentos egoístas, vingativos ou mesquinhos. Mas preciso aprender a não me punir por possuí-los. A maturidade traz ponderação. A gente aprende a falar menos e a ouvir mais. Calar na hora certa e gritar quando é preciso. A vida me convenceu a ser bom e isso não mudará jamais, nem que um batalhão de “Nazarés” Tedesco tente usurpar minha paz. Mas que fiquem avisadas que irão levar bofetadas em múltiplas direções, sem pena nem dó.
Na dúvida entre ser vilão ou mocinho, opto por ser humano. Opto por reconhecer meus valores mais gentis e solidários, assim como aqueles mais nojentos escondidos no recôndito de minhas angústias, frustrações e sofrimentos. Sendo humano, posso passear livremente entre uma e outra persona, sem precisar me filiar a nenhum partido. Cultivo o mocinho, ele é mais legal, mais amigo e mais careta. Ser careta também é normal. Não me mutilo pelas vezes quem sou egoísta, vingativo ou rancoroso, afinal isso também próprio da nossa natureza, pois não é todo dia que a gente acorda com humor para dar a outra face pra bater.
Ai, Jesus, pequei de novo!

Luz para todos!

domingo, 30 de maio de 2010

Começo.

Sempre quis ter um Blog. Desde a adolescência ensaiei algumas tentativas que não vingaram. Somente quando tive notícias que a jornalista Rosana Hermann (por sinal, excelente comunicadora) havia saído da TV pra virar blogueira passei a ver essa ferramenta como algo realmente produtivo. Mais adiante me deixei contaminar pelos lindos escritos de uma amiga com olhos de topázio e coração de menina, postados na mais rica “verdura” virtual. A partir daí, passei a freqüentar alguns blogs relacionados ao universo da arte, da poesia, das músicas, do cinema, com olhos curiosos.
Na mesma proporção, não posso esquecer em minhas referências o primoroso trabalho de um amigo paulista, que conseguiu converter em vício minhas visitas habituais à sua página na internet, sempre com dicas culturais, revelações do cenário artístico nacional e críticas pertinentes a programas que se propõem a visitar o universo musical, em suas diversas possibilidades.
Recentemente, a também jornalista e não menos excelente Regina Volpato, ao sair da Lavanderia do SBT, passou a usar seu blog como ferramenta de informação e disseminação de seus pensamentos e sensações, a exemplo de tantos outros nomes em tantas outras áreas que fazem o mesmo.
Há menos de vinte e quatro horas atrás, fui apresentado à sensível palavra de um amigo conterrâneo sertanejo que reascendeu em mim a disponibilidade de tentar de novo e, mesmo sem algo muito relevante para expor inicialmente, criar o meu próprio espaço de loucura ou, quem sabe, de sanidade na internet, rsss.
Resolvi, então, trazer à tona minhas terceiras intenções que, a exemplo das de Cazuza, prescindem de boa educação ou de correção política. Nunca fui muito vanguardista, mas as almas inquietas e revoltadas sempre me fascinaram, talvez por essa razão eu tenha me aproximado tanto da sua obra ao longo da vida, assim como me fascinam as almas passionais e boêmias como aquelas traduzidas por Chico e quase sempre imortalizadas por Bethânia. Creio que esses contornos, a princípio, me conduzirão nesse novo mecanismo de fuga da realidade, ou melhor, de análise da mesma. Amor e inquietude são ótimas companhias da escrita e confio – preciso confiar – que me farão conhecer novos lugares e labirintos humanos que eu ainda não consegui visitar, inclusive em mim mesmo.
Como já ergui o alicerce dessa minha nova disponibilidade, bem como justifiquei o cimento que pretendo usar nessa construção, não posso esquecer de mencionar o acabamento que corroborou com o encantamento por essa engrenagem: Ana Jácomo, para mim ainda uma desconhecida a quem pretendo desbravar. Apresentada por um amigo querido, que sempre me surpreende com alguma novidade sobre Bethânia, Ana me empresta uma frase que finda meu primeiro post: “Abençoadas sejam as dádivas generosas que nos surpreendem. Elas não sabem o quanto às vezes, tantas vezes, nos salvam de nós mesmos”.
Luz para todos!